TL;DR: Não.
Uns anos atrás, uns desocupados inventaram uma lista de palavras supostamente racistas. Outros cabeças de vento não só engoliram isso, mas militantes pela idiotice.
Num dos casos, um aparente jornalista corrigiu ao vivo uma mulher e a fez se desculpar por isto. (Machismo?)
Um dos exemplos, a palavra denegrir vem do latim denigrare que significa “tornar escuro” ou “manchar”, no sentido mais metafórico, denigrare significa manchar a reputação de alguém ou alguma coisa.
Ao “denegrir” alguém, você tenta denegrir sua reputação. Faz sentido, portanto, que “denigrate” pode ser rastreado até o verbo latino denigrare, que significa “enegrecer”. Quando “denigrate” foi usado pela primeira vez em inglês, no século XVI, significava lançar calúnias sobre o caráter ou a reputação de alguém. Eventualmente, desenvolveu um segundo sentido de “tornar negro” (“a fumaça da fábrica denegriu o céu”), mas esse sentido é um tanto raro no uso moderno. Hoje em dia, é claro, “denigrate” também pode se referir a menosprezar o valor ou a importância de alguém, ou de alguma coisa.
Até meu corretor acredita nisto, ou seja, não estamos mais validando o correto sentido da palavra, mas sim, o seu uso na cultura/sociedade (mesmo que errado). Voltamos à idade na qual se lia “perereca” no livro de ciências e dava risadas por usar a palavra para outra referência.
Ou seja, se usarmos a palavra “chave de fenda” no calor da briga, pejorativamente, e isto “pegar”, a partir de então, haverá um malabarismo medonho para provar que “chave de fenda” é um termo racista e deve ser banido.
Mas, quem quer sinalizar virtude e enxerga racismo em tudo (ou tem gatilhos para isso) está certo ou errado? Uma ideologia que policia palavras e impede discussões não deveria ser levada a sério.
Lembro de uma frase que roda pela internet: Os seus gatilhos são da sua responsabilidade, não é obrigação do mundo andar na ponta dos pés ao seu redor (Your triggers are your responsability, it isnt the worlds obligation to tiptoe around you).
Enfim, tive uma passagem profissional por uma empresa anos atrás, lá na intranet (rede interna) encontrei um documento “formal”, compartilhado com todos, num formato de dicionário, no qual listava todas essas supostas palavras racistas, na melhor representação de quem caiu nas fake news e passou a usar chapéu de alumínio.
O título era “palavras proibidas” e tinha muito, mas muito mais que as comumente encontradas nos becos sujos da internet, algumas explicadas aqui:
e outras aqui:
Quando perceberam (ou pela desonestidade, já sabiam), os pró-woke trataram de ignorar nosso idioma e adotaram a tática de que “se a palavra PARECE ISSO, então É ISSO, e deve ser cancelada”.
Voltando ao 'dicionário woke-corporativo', uma das palavras era “judiar”. Aquilo me incomodou e busquei informações.
E isto é esclarecido no livro “Os Porquês do Judaísmo” de 1983, publicado em São Paulo pela Congregação Israelita Paulista (CIP) e escrito pelo Rabino Henry Isaac Sobel (1944-2019), nascido em Portugal de mãe polonesa fugindo da perseguição na Segunda Guerra.
E sobre a palavra judiar, nas páginas 227 e 228 ele explica:
Na lingua portuguesa, há um termo que muitos consideram pejorativo: "judiar" de alguém. O que se pode fazer para eliminar o seu uso?
No Dicionário da Língua Portuguesa, da autoria de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, define: "JUDIAR: tratar como antigamente se tratavam os judeus; fazer sofrer, maltratar, atormentar" (1.ª edição, página 805).
O significado está claro: não há nada de pejorativo. Não fomos nós que maltratamos. Nós, os judeus, fomos maltratados.
E cada vez que usamos a palavra "judiar", estamos conscientizando os outros. O termo não deve ser eliminado. Pelo contrário, é bom que o mundo se lembre do preconceito do passado, para que não o permita no presente e no futuro.
Mas como a esquerda é naturalmente antissemita, cerceia a liberdade de expressão e não permite a manifestação de outros grupos, principalmente dos oprimidos, fica aqui a explicação da palavra (chancelada pelo Rabino e pela Congregação em 1983) onde quase 30 anos depois, a turma que não evoluiu desde a queda do muro de Berlim, insiste em reviver.
Finalizo indicando, novamente, um terceiro artigo da Madeleine Lacsko sobre um texto onde a psicóloga e escritora norte-americana Pamela Paresky preveu em 2021 a onda de antissemitismo gerada pelo identitarismo: